De longe, quase não se via as barracas. Por um segundo achei que não saberia voltar, mesmo tendo feito o mesmo caminho por duas semanas. Talvez porque desta vez eu tinha ido mais longe, talvez porque eu não quisesse mesmo voltar.
Minha expressão deve ter me entregado, pois ele se aproximou e perguntou se eu estava perdido, eu disse que não, mas ele disse estar. Pediu que eu o levasse a barraca mais próxima. Depois descobri que ele havia crescido próximo àquela praia, a conhecia como uma pessoa conhece sua própria casa.
Conversamos sobre o tempo, sobre viajar. Ele já tinha navegado pelo mundo, aquela cidade litorânea era o mais longe que eu já tinha ido. Embora eu tenha evitado com sucesso conversar com pessoas naquele período de tempo, estava curioso sobre aquele estranho.
Na semana seguinte, quase não consegui escrever. Vinícius me levou a um passeio de barco, me mostrou uma ilha não muito longe e me contou a história da vila que originou a cidade.
Contei a ele porque estava ali, falei sobre minha existência inconstante, sobre dor e persistência. Ele segurou minha mão e beijou minha testa, enquanto me puxou para dentro de seu abraço, sob milhares de estrelas, frente a maré calma.
Ao final da semana, nosso prazo havia chegado ao fim. Ele de volta para o mar e eu de volta ao interior do continente. Não fizemos promessas, pois não sabíamos se poderíamos cumprir, mas ao dizer adeus torcemos para que aquele fosse apenas o primeiro de muitos.