Sempre ouvi Cazuza, mas os versos
“Você tem exatamente três mil horas pra parar de me beijar” nunca fizeram tanto
sentido até você me beijar. Não me lembro de muita coisa daquela noite, quando
mais uma vez você me trouxe de volta para casa, mas dessa vez algo diferente
aconteceu.
Até a parte em que eu estava bêbado
e você cuidando de mim nada de diferente. Lembro da gente conversando sobre
alguma besteira, na porta da minha casa, algo me prendia no carro, eu não
conseguia me mover quando, de repente, você se aproximou. Foi instintivo, a
gente se beijou.
Nos conhecíamos há tanto tempo e
isso nunca tinha passado pela nossa cabeça, mas naquela noite nada fazia tanto
sentido. Não sei se era o efeito da bebida, mas meus lábios pareciam mais vivos
contra os seus, foi a única vez que senti algo perto do que as pessoas sentem
por religião.
Foi aí que me comprometi aos seus
beijos e passei a ansiar pela comunhão dos nossos lábios. Não importa que a gente não
faça sentido algum, que nada mais dê certo entre nós, porque quando nos
beijamos não há o que pensar, só sentir. Vem cá, me beija, já dizia Cazuza: “Você
tem a vida inteira pra me devorar”.
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