No saldo da relação fracassada, o vencedor, se é que existe um, leva o que puder consigo. Ao perdedor não resta quase nada. O inventário revela um ou dois itens que se tornam responsáveis pela sobrevivência do animal golpeado, que segue à procura de abrigo para descansar da luta pela persistência.
Mas o amor, ele passa. Ele acaba. Esse negócio de amar para sempre é do tempo em que as pessoas não viviam muito. Os planos se desafazem, nada está escrito em pedra, pode ser editado, deletado. Pode criar-se um novo arquivo com novas vontades, novos planos e, principalmente, novas vivências.
E não há mal na solidão, não quando se está consigo mesmo. Esse pode ser um dos remédios para a cura do espécime. Avaliando bem a situação, não haverá mais casamento, não haverá mais sexo, mas haverá dança, porque ele sempre dançou melhor sozinho.
E quem sabe um dia, por força das circunstâncias, ele ame novamente. Amará inteligentemente? Existe esse tipo de coisa? Nunca se sabe. Para o hoje, as aventuras de hoje e o amanhã, ah, o amanhã é outra história, e assim a vida continua...
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