Acabe comigo, termine comigo

"Quem nunca sofreu por amor?" Foi o que eu pensei quando tudo isso começou. Às vezes, me pergunto o que nos mantém juntos, senão o costume. O medo, que nós temos de nós mesmos, e, principalmente, um do outro. Eu vivi a sua vida e você a minha, até estarmos tão entrelaçados, formando uma teia complexa, cheia de sentimentos incógnitos.


De tudo já tentamos, dormir com outras pessoas, eu não, você. Eu tentei ser a vítima inconsolada, imaculada. Mas eu não sei quem sou, e agora, não sei quem você é. Podemos fingir ser aquele casal que funciona, mas na verdade somos o cúmulo de tudo que é disfuncional. Que sorte a nossa, não temos nem um ao outro como consolo. 

Nosso destino está selado diante de nós, contudo, nós insistimos na mudança, como se nossas vidas dependessem disso. A verdade é que existem coisas que não mudam, que sempre foram as mesmas e sempre serão. Desamor nunca será amor, conflito nunca será paz e indiferença não é empatia. Nosso amor não tem nada demais, nem ao menos é inédito. 

Desde que o mundo é mundo, alguns amantes fazem a escolha de permanecerem juntos, embora todas as circunstâncias se oponham. Prejudicando um ao outro, física e psicologicamente. Um estado de total inércia tomou conta das nossas vidas, me segura no leito frio, agonizando à própria sorte, e te segura no leito quente de quantas pessoas cruzarem teu caminho. 

E quando você chega, com o cheiro diferente, totalmente excêntrico para mim. Não sei o que eu sinto mais, se é alívio ou dor. Como um último recurso, te mostro o caminho, tu, restaurando uma ligação que um dia tivemos, pegas vai, com resistência, e concretiza nosso destino. Corre, sem olhar para trás, mesmo que parte de você não queira, e dá a nossa história o único final adequado, a morte.

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