Armadilha sexual

Pareceu ser uma boa ideia reservar uma suíte temática de um dos melhores motéis da cidade. O que Luís achou ser o melhor presente de aniversário de namoro possível. E como diz o manual do bom relacionamento, deixou que a outra parte interessada tomasse a decisão sobre qual das dez suítes temáticas deveriam passar a data.


Sadomasoquista, isso mesmo, essa foi à suíte escolhida. Luís ficou um tanto apreensivo, gosta do sexo sem apetrechos e enrolação. A posição convencional, sem mais delongas. As fotos da suíte o intimidaram, a cama cercada por grades, o chicote em cima da cama e aparelhos para amarrar a outra pessoa.

Imaginou-se tentando fazer aquilo e se achou ridículo. "Não é pra mim", pensou. Achou que iria rir na hora e estragar todo o momento. De repente ocorreu a Luís, e se a chama tiver apagado? E se essa escolha tiver sido uma tentativa desesperada de reacendê-la? Algumas pessoas não se contentam apenas com o sexo trivial.



A lembrança do primeiro beijo, naquela festa, parece tão viva. "Eu não quero te perder", pensa Luís em silêncio, assentindo a qualquer objeto que lhe é ofertado na Sex Shop, que decidiram ir antes de irem para a tal suíte. "Por você eu vou tentar, por você vale a pena", um turbilhão de pensamentos dessa natureza vem à tona na mente de Luís.

Tão conhecedor das armadilhas do amor, finalmente tinha se visto livre delas, agora em um lugar seguro, um relacionamento estável, honesto e recíproco. Agora se dera conta que mesmo em um relacionamento não se está a salvo das adversidades.

A rotina pode vir e trazer com ela alguns amigos para distanciar o casal. "Essa dor física é nada perto da dor que seria perder o que nós temos", pensa Luís. Então finalmente sucumbe ao desejo de quem o ama e diz: "Traga à mordaça, o açoite, as algemas e a venda e, por favor, me domine".

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