Desequilibrado

Todo mundo à procura do equilíbrio perfeito. Algo entre o desmedido e o milimetrado. Eu me acho completamente desmedido e sempre que tento ser milimetrado acho uma completa encheção de saco.

Foto por Eugenio Pullara.

Admiro pessoas que tem total controle sobre si mesmas e nunca soltam as rédeas. Eu procuro solta-las sempre que possível. Que grande aventura seria encontrar a medida certa da minha vida. Nem folgado e nem justo, algo que me servisse. 

É cansativo se dividir entre quem você é e quem você gostaria de ser. É preciso acima de tudo ter cuidado com o que se deseja, cuidado com os anseios, com as hipóteses, com o tal do “e se..” que acompanha o cotidiano. 

Na vida, essa aula de geometria, cada aluno deve trazer sua própria régua, compasso e fita métrica. Tudo por uma vida sem excessos, mas sem misérias também. Eu que sempre dividi minha vida em partes: família, amigos, trabalho, estudo e amor. Tenho hoje a oportunidade de ver todas essas partes de um todo dando certo, ainda assim, senti uma angustia, a minha velha amiga novamente. Uma insatisfação. Sei que é inerente da natureza humana, mas não deixei de me perguntar se não se tratava de ingratidão. 

A pergunta “pra onde você está indo?” parece ser assustadora. A pergunta “Quem você é?” me intimida, na verdade, me amedronta. Filho? Amor da sua vida? Escritor? Gostaria muito de me conhecer. Talvez seja isso que eu tenha esquecido que é fundamental o autoconhecimento. 

Como todo bom ocidental eu esperava uma solução instantânea para toda a minha ansiedade e insatisfação, mesmo estando feliz e realizado, ainda almejo por mais, naturalmente. Isso que eu procuro é uma jornada, não é algo que se encontre de uma hora para outra. 

Hoje, posso dizer que pude calar a minha impaciência e incompreensão que me assombraram a vida inteira, mas foi tudo um exercício que levou Deus sabe quanto tempo, mas aqui estou eu todo paciente e compreensivo. E agora rumo ao equilíbrio.

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