O pior já passou, eu acho. Pelo menos já não sou mais assombrado pelas lembranças. Tenho escutado uma música que fala exatamente sobre o que eu vivi, mas ela não me deixa triste, ela me faz lembrar sobre o que passei e, mais importante, que já passou, que estou bem, mesmo sem saber que dia é hoje. Sei que está mais quente do que o de costume.
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Acordei com o sol invadindo o quarto pelas frestas da cortina. De repente já estava dirigindo sem rumo, olhando para a frente, mas andando em círculos, até parar novamente na mesma rua, debaixo do ipê amarelo, o lugar onde vou para me sentir mais sozinho, talvez para ter pena de mim mesmo, me odiar. Eu não disse que estava bem?
Acho que é qualquer dia comum. Nada especial. Às vezes a gente só acorda assim, melancólico. Sob a sombra da árvore, dentro do carro, me desfazendo em suor e me perguntando quantas vezes preciso tentar, ou fingir, um recomeço e voltar ao mesmo lugar porque mudei tanto e ainda sou o mesmo, sem paciência de ir atrás do novo, cansado do agora e esperando que o futuro que se supõe acabe me surpreendendo.
Alguma hora, entre a desidratação e a hipertermia, acabo achando algum conforto, olhando pelo parabrisa a folhagem amarela, em que sempre fui desses rompantes que só passam depois de serem, até cair em mim novamente, retornar para casa, fazer macarrão à bolonhesa, ouvir música, tomar vinho e voltar a me sentir eu mesmo sem que isso seja sufocante. Agora sei que agosto passou e parece que é setembro outra vez.