Quem sou eu agora

Não há quantidade suficiente de terapia que me impeça de me submeter a uma quantidade exaustiva de questionamentos, mas dessa vez o gatilho veio de fora. Alguém me perguntou como eu me via daqui a cinco anos, que tipo de pergunta é essa, certo? Ao invés de tentar imaginar um futuro, olhei para o passado, mais especificamente para onde eu estava cinco anos atrás. Será que imaginando onde estaria agora?
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Meu eu de 2015 estava em um lugar diferente. Há cinco anos, eu estava começando a me sentir normal depois do fim de um longo relacionamento. Estava levando dois estágios, fazendo o máximo de matérias na faculdade e o projeto de fim de curso. E parando para pensar, não sei como conseguia. Mas eu consegui e lembrar disso me faz sentir como se muito mais anos tivessem se passado.

Mas naquela época eu não sabia quem era. Tive que me conhecer por inteiro novamente. Fazer escolhas erradas, ter experiências que provavelmente nunca teria, jogar alguns planos e concepções para o alto, procurando coisas novas, porque parecia uma nova vida, embora ainda fosse a mesma. Talvez, então, eu pensasse que ali era o início de quem eu seria cinco anos depois.

E quem sou agora, depois de milhares de quilômetros, de erros, acertos, experiências, arrependimentos e memórias? Não me sinto um vencedor invicto, mas também não sinto que perdi mais do que deveria. Talvez por fora ainda seja o mesmo, com alguns quilos a mais ou a menos, com os fios de cabelo branco começando a aparecer.

Esse é o exterior. Simples. Aparência, falas e atitudes. Mas nós vamos além, certo? Mais do que conseguimos enxergar. Somos o que vivemos, o que aprendemos, o que sentimos. Nós somos nossas primeiras vezes, mas também somos as últimas. A inocência, a experiência e qualquer razão e sentimento que extraímos disso para depois remanescer dentro da gente como parte do que somos feitos.

Já viajei demais? Mas ainda não tenho a resposta. E quem sou eu agora, que não há um coração partido para curar, que não há alguém para amar, que não há uma carreira para perseguir? Quem sou eu agora? Não tenho certeza. Faço alguma ideia, mas é melhor deixar algumas coisas em aberto, é bom surpreende-se consigo mesmo de vez em quando. Ainda existe um oceano de coisas que desejo, boa parte delas nunca realizarei, mas está tudo bem, isso não me impede de navegar, do meu jeito, no meu tempo. Talvez, daqui a cinco anos eu saiba responder ou tenha mais perguntas.