30 lições que eu aprendi antes de completar 30 anos

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Recentemente vi uma matéria que o título dizia "30 coisas que eu aprendi antes de completar 30 anos" e, estando eu mesmo prestes a completar 30 anos não pude deixar de pensar: e se eu parasse para refletir sobre o que aprendi ao longo desses 29 anos, o que será que eu teria a dizer sobre isso? Será que conseguiria listar em mais de 30 itens? Credo, será que eu conseguiria pelo menos listar os trinta?
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E foi assim que esse texto começou em março deste ano. Ajudou também o fato de que estou de volta à terapia e abordei o assunto com meu terapeuta em algumas sessões para tentar, sei lá, dar uma luz à questão e poder me sentir satisfeito com o conhecimento que eu reuni na vida até agora. O resultado disso? Provavelmente não me satisfez, mas talvez essa seja minha primeira lição:

1: É a vida!

É impossível estar 100% satisfeito o tempo todo. É impossível controlar os acontecimentos, emoções, sentimentos, às vezes até atitudes. Então, para tudo isso um grande "É a vida" é a resposta que encontrei para acalmar minha ansiedade e continuar vivendo sem me torturar tanto por coisas que independem do meu controle.

2: Você aprende

Já cantava Alanis Morissette na minha adolescência, apesar de eu ter 6 anos quando a música foi lançada, "você vive, você aprende". Mas eu também poderia facilmente substituir a palavra "aprende" por "se adapta", pois foi conforme fui passando por mudanças e dificuldades que aprendi a me adaptar. Que embora no momento eu não soubesse responder a pergunta que estava martelando a minha cabeça, como "como é que eu vou viver agora sem isso ou sem essa pessoa?", um dia após o outro eu ia continuar vivendo até que eventualmente me adaptasse a essas situações e elas se tornaram apenas experiências pelas quais eu passei.

3: Seja gentil

Principalmente consigo mesmo. Considero essa uma das lições mais valiosas que aprendi na vida. Especialmente porque me torturo demais por emoções que tive/tenho, palavras que disse, atitudes que tomei. No entanto, é importante saber que uma hora a melhor coisa que você pode fazer é ser gentil consigo. Relevar algo, perdoar-se, qualquer coisa que possa te dar alguma paz. Você deve ser capaz de fazer isso por si mesmo, já que o mundo raramente o fará. E claro: seja gentil com os outros também. Todo mundo tem suas batalhas e a gente nunca sabe de verdade o que o outro está passando. Gentileza faz bem para o outro e fazer bem ao próximo faz bem para a gente.

4: Ame-se mesmo quando estiver se odiando

Essa é difícil de aprender e principalmente de praticar, mas é uma das coisas mais fundamentais para não sucumbir em momentos difíceis, foi o que eu aprendi. Naqueles dias em que você não gosta da sua aparência, da sua personalidade, que você pensa não passar de uma pilha de defeitos, praticar o amor próprio é algo quase impossível, mas nesses momentos é mais necessário do que nunca lembrar que todos esses sentimentos vêm de um lugar depressivo, de baixa autoestima, e que tentar mostrar amor por si mesmo e por características que te fazem quem você é pode ser a melhor saída dessas situações e claro, mais importante, procure ajuda!    

5: Organização
Netflix/Divulgação
Essa é uma coisa que sei há algum tempo, embora tenha que admitir que ainda não aprendi de fato. São passos de bebê para mim, mas estou tentando. Estou na fase de visualização de como minha vida pode ser melhor (principalmente agora que serei, inevitavelmente, mais adulto) se eu tiver organização com relação ao meu tempo, meu dinheiro, meu trabalho, etc... A ideia de tudo que posso conseguir/conquistar com o poder da organização é o impulso que preciso para insistir cada vez mais em aprender a ser uma pessoa organizada.

Um adendo importante enquanto estamos nesse tópico: Assistir Ordem na Casa com Marie Kondo me incentivou a aplicar o método KonMari no meu quarto (já que não consegui convencer os demais membros da casa a embarcarem nessa jornada comigo) e o resultado tem sido maravilhoso até agora.

6: Faça tempo!
"Se não agora, então quando?"
Certo, essa é uma lição em pleno andamento! Vivemos em tempos de correria e parece que a gente nunca tem tempo para nada além do básico no dia a dia. No meu caso: academia + serviços domésticos + trabalho + dormir. Dito isso, é fácil observar a pilha de coisas que a gente planeja fazer aumentar e quando a gente olha parece que não temos feito muito, então é preciso se esforçar e criar no meio do cotidiano um tempo para iniciar esses projetos, mesmo que não se possa terminar imediatamente começar é importante. Continuar e terminar também. Mas primeiro é preciso começar, então comece!

7: Escute!

Tudo bem, falo bastante, mas também gosto de ouvir e aprendi que ouvir os outros é algo que pode nos proporcionar muitas coisas. Pode dar a nós perspectivas e aprendizados diferentes. Essa é uma lição que tento colocar tanto em prática que até para escrever esse texto eu antes perguntei em todas as minhas redes sociais a seguinte pergunta "Qual o melhor aprendizado que você teve na vida?" Perguntei a amigos, familiares, para o terapeuta... Não que eu quisesse roubar as respostas, mas eu realmente queria ouvir sobre o aprendizado dos outros enquanto pensava sobre os meus. Às vezes, ouvir as experiências/vivências dos outros pode fazer tanto por eles como por nós.

8: A ignorância pode ser passageira 

Quando era mais novo eu tinha muito receio em admitir que não sabia de algo. Queria saber de tudo. E evitava me aprofundar em coisas que não sabia, fugia. Por não sei quanto tempo na minha vida deixei de fazer coisas por falta de conhecimento. Até que parei para pensar no quanto isso me restringia e no tanto de coisas que aprendi a fazer porque me dediquei a aprender mesmo parecendo difícil. Em resumo, parei de me limitar. Não dói nada dizer "não sei" e procurar conhecimento é umas das coisas mais compensadoras da vida.

9: Gratidão

Sei o quanto é assustadora essa vibe "ah sou muito feliz, muito grato pela vida" e o quão sufocante pode ser essa cobrança de "não poder reclamar de nada". Eu reclamo o tempo todo. Sou reclamão por natureza. Mas realmente aprendi a contar minhas bênçãos e isso me ajuda a ter dias mais leves. A vida não é perfeita. Estamos cercados de acontecimentos ruins, mas conseguimos de alguma forma nos sobressair disso e carregar com a gente pessoas que nos amam e que amamos, então acho que vez ou outra a gente deve se permitir parar um pouco, agradecer e valorizar o que temos de bom.

10: Cozinhar

Enquanto debatia como meu terapeuta sobre a lista falei que tentaria não listar aprendizados "bobos" e ele me disse algo do tipo "Isso não existe, para alguém que nunca precisou cozinhar de repente ir morar sozinho e aprender a fazer isso é um conhecimento valioso". E assim ele me lembrou que embora hoje cozinhar seja algo quase trivial para mim, houve um tempo em que não havia nada que eu quisesse mais do que aprender isso e, eventualmente, cozinhar se tornou uma das minhas maiores características. Cozinhar pode ser terapêutico e comida pode reunir pessoas. Então sim, cozinhar!

11: Ouvir meus pais

Acho que sempre fui um pouco genioso e teimoso. Enquanto adolescente acredito que isso piorou e em alguns momentos eu via meus pais como meus inimigos e eu tentava ir contra eles. Talvez por isso eu tenha quebrado a cara algumas vezes, mas se isso foi o necessário para que eu chegasse ao nível de relacionamento que tenho hoje com eles não me arrependo. Mesmo com quase 30 anos toda decisão importante da minha vida eu peço o conselho deles antes e o melhor de tudo é que eles nunca foram do tipo "faça isso!", "faça assim!", eles apenas me ajudam a tomar minhas próprias decisões. Sei que posso contar com eles em qualquer resultado que isso possa ter e isso é algo muito bom de saber.  

12: Cessar-fogo 

Parece outra vida quando lembro o quanto já fui briguento. O quanto eu tinha raiva, revolta. O quanto eu estava sempre pronto para comprar um briga. Felizmente, em algum momento no meio do caminho abri os punhos, respirei fundo e senti um alívio imenso em parar com tudo aquilo. Se quisermos, podemos olhar para o mundo e ver nele uma guerra e isso é cansativo, brigar o tempo todo, principalmente quando escolhemos lutas desnecessárias, já que algumas são realmente inevitáveis. Mas também podemos levantar a bandeira branca de vez em quando e ver paz, isso é revigorante.

13: Paciência

Aprendi a ter paciência na marra. Sendo uma pessoa extremamente impaciente era inevitável que eu não aprendesse. Porque a gente tem controle sobre tão pouco e controlar tudo é tão exaustivo, que eventualmente jogar todo o desespero para o alto e relaxar é a melhor opção. Confesso que ainda sou um pouco impaciente, mas antes isso do que antes.

14: Serviços domésticos

Eu devia ter 12 ou 13 anos quando minha mãe começou a me incumbir de tarefas dentro de casa. Hoje com quase 30 não há nada dentro de casa que eu não saiba fazer. Mentira. Ainda tenho problemas na hora de trocar o gás, mas se chamar alguém para cuidar dessa parte sinto que posso sobreviver sozinho e isso é importante!

15: Ficar sozinho
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Isso sempre foi algo importante para mim: ficar bem sozinho. Eu nunca quis depender da companhia de ninguém para fazer algo. Agora mesmo, estou prestes a ir sozinho para outra cidade ver um show. Tenho planos de outra viagem mais longa, sozinho também. Vou ao cinema sozinho, jantar, etc... Enfim, às vezes até penso que talvez eu tenha aprendido tanto a ficar sozinho que hoje o meu problema seja conseguir ficar acompanhado.

16: Autopreservação

Da adolescência até os 20 e poucos anos tive à minha volta pessoas que julgava serem minhas amigas. Imagine a minha surpresa quando me vi odiando minha personalidade e aparência com base, parcialmente, na opinião que essas pessoas tinham de mim. Tenho até a nítida lembrança de momentos em que me tornavam o assunto da roda, que meus defeitos eram comentados, que riam de mim. Depois conheci amigos de verdade, pessoas com as quais não me sentia mal por ser quem eu era, pessoas que começaram a fazer com que na verdade eu me sentisse bem e que gostavam de mim por isso. O aprendizado foi esse: em razão de preservar a mim mesmo, me afasto de tudo aquilo ou aqueles que não me fazem bem, que não fazem com que me sinta bem comigo mesmo.

17: Empatia

Meu mundo se tornou tão amplo desde que comecei a tentar imaginar como algumas pessoas se sentem diante de algumas situações que elas passam na vida. Ser capaz de me comunicar com essas pessoas, ouvir as histórias delas e suas visões do mundo ampliou a minha visão, me ampliou como ser humano e sou muito grato por esse aprendizado, por ter agora o cuidado de tentar sempre pensar no outro e assim evitar uma dor e sofrimento desnecessários. Ao invés disso, poder dar respeito e acolhimento.

18: O amor vence

"Não se engane, o amor sempre vence". Posso não ser tão familiarizado com o sentimento, posso não saber nem mesmo explicá-lo, mas reconheço sua força. Já li, assisti, ouvi, vi de perto. Testemunhei, acho que essa é a palavra, o amor prevalecer nos ambientes mais inóspitos e por isso ele sempre terá minha fé e minha torcida, porque é disso que o mundo precisa.  

19: Não faça nada pelo que tenha que pedir desculpas, mas se fizer peça!

Quem gosta de estar errado, certo? Eu odeio. Então tento nunca fazer nada pelo que tenha que me desculpar, mas coisas acontecem e a gente acaba errando. Fingir que nada aconteceu não desfaz o erro e ainda pode piorar a situação. Muitas vezes um bom e sincero pedido de desculpas pode não desfazer o erro, mas pode remediar um pouco a situação.

20: Seja um bom amigo

Algumas pessoas costumam achar que amizade é você falar tudo que pensa para o amigo. Aprendi com minha mãe que há verdades que não precisam ser ditas. Afinal de contas, para que serve uma amizade se não para ser um relacionamento positivo?! Aprendi a não julgar meus amigos pelas escolhas deles, não dizer a eles o que eles devem fazer e tentar fazer com que eles saibam que estou com eles para o que eles precisarem.

21: Terapia
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Sendo alguém que cresceu com dificuldade de "me abrir" foi um longo caminho até chegar hoje no consultório, dar bom dia e quando vejo já se passou quase uma hora comigo lá falando sobre tudo que consigo falar. Comecei terapia valendo em 2015, depois de uma crise de ansiedade, e os benefícios foram tantos que não quis parar. Acabei parando por questões de falta de tempo e plano de saúde. Mas agora estou de volta e realmente recomendo que todo mundo faça.

22: Desfecho 

Essa foi uma das lições mais difíceis que tive, principalmente por ser escritor. Tentei escrever o desfecho de algumas dessas coisas que ficaram em aberto tantas vezes, mas ficção não é realidade e não importa o quanto a gente force o fingimento, é impossível não se torturar com o "E se" ou com o "se não tivesse...". Mas muitas vezes na vida as coisas acabam repentinamente e nos deixam sem essa sensação de desfecho, sem um sentido maior, eu acho, do que significa aquele fim. É difícil, mas temos que achar um jeito de desapegar disso, aceitar que pessoas/coisas vêm e vão muitas vezes sem qualquer explicação. Tudo que nos resta a fazer é seguir em frente.

23: Responsabilidade 

Acho que essa realmente vem com a idade e é a melhor coisa. Não sinto falta daquela sensação de que vou me dar mal por conta do meu comportamento, tenha sido ele por inconsequência ou só por descuido mesmo. Sendo responsável o máximo que posso só tenho colhido bons frutos e espero continuar assim.

24: Equilíbrio
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Em tudo. Na alimentação, na atividade física, no trabalho, no lazer, na vida afetiva. Nem demais, nem de menos. Claro que a gente não consegue medir e/ou pesar as coisas na nossa vida, mas acho que com o tempo a gente vai aprendendo a dosar essas coisas e conseguir a medida certa para nos sentirmos satisfeitos. Uma vez ou outra também é bom dar uma desequilibrada de leve, foi o que também aprendi.

25: Honestidade

Sendo alguém que já mentiu muito na vida, principalmente para mim mesmo, por achar que a verdade era muito difícil para lidar, posso dizer que a dificuldade mesmo está em tentar viver com uma distorção, ou completa disparidade, da realidade. Uma vez que você tenta ser honesto consigo, com o mundo, por mais difícil que isso possa ser às vezes, é algo libertador

26: Independência

É importante não confundir independência com autossuficiência, foi uma das coisas que aprendi com essa lição. Porque mesmo vivendo com seus pais, quem sabe até dependendo deles financeiramente, você pode ter alguma independência. Isso é sobre conseguir resolver suas coisas sem precisar de alguém. Sobre poder assumir responsabilidades e ser capaz de fazer por si mesmo.

27: Perdoar

Eu aprendi que às vezes perdoar os outros tem mais a ver com a gente do que com eles. Que eventualmente as mágoas que existem em nós vão ocupando tanto espaço que nos deixa cheios, incapazes de deixar outros sentimentos entrarem. Então sim, existem pessoas que podem não merecer nosso perdão, mas que a gente merece perdoar, para poder deixar aquilo para trás e seguir em frente. E claro, existem pessoas que merecem ser perdoadas e que o perdão pode fazer renascer uma nova relação. Em todo caso o perdão é uma tarefa árdua, mas com resultado catártico. 

28: Jornalismo

Hoje quando penso em que eu era há dez anos não consigo deixar de sentir orgulho de ter me feito jornalista. Não era algo que parecia "estar escrito", mas depois que se concretizou nada fez mais sentido. Já aprendi tanto com essa profissão e aprendo mais a cada dia. Me deixa muito feliz que em algum momento no meio desses quase 30 anos eu comecei essa lição que é ser jornalista. 

29: Escrever 

Venho escrevendo textos desde a adolescência. Primeiro mostrava o que escrevia apenas para amigos, até que começaram a sugerir que eu criasse um blog e foi assim esse blog surgiu, em um sábado, 4 de abril de 2009, com um texto chamado "Feliz?" no qual um Lucas de 19 anos falava sobre felicidade. Muito se passou, com idas e vindas, muitas histórias, até a publicação do "Meu último texto", seguida da promessa de dar um tempo da escrita. Tentei, mas acho que talvez seja inevitável. Ainda não se realmente voltei, se o intervalo realmente acabou. Escrever também é uma dessas coisas que seguem sendo um aprendizado dia após dia. 

30: Ser feliz
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Talvez o maior aprendizado de todos. Por muito tempo me senti entre apático, infeliz e esporadicamente feliz. Felicidade para mim era uma conquista, um prêmio, e como tudo que é assim demanda de luta, sofrimento e aquisições, pensei que era difícil, para poucos, como realmente parece ser. Hoje quando penso nisso vejo no quanto eu mesmo impunha obstáculos para ser feliz. Como se não pudesse apenas me permitir. Achar que precisava ser infeliz para escrever bem também era uma das coisas que permeava na minha cabeça. Passei por tantas crises existenciais e materiais até perceber que ser feliz é uma coisa simples, se a gente assim quiser. É estar bem consigo, é trabalhar para isso, é estar bem com as pessoas a nossa volta, é tentarmos ser bons, melhores, é fazermos o que gostamos de fazer e dar a nós mesmos um desconto das cobranças e condições que o mundo nos impõe.
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