No que eu me tornei?


Se sussurro em quatro paredes sinto seus ouvidos tentando penetrar porta adentro e te pego de surpresa, disfarçando com um sorriso amarelo. Encontro mentiras nas tuas verdades, que tu espalhas aos quatro ventos.


Tento me sujeitar à velha condição, mas não me cabe mais. Faça o que faz, diga o que diz. Não me veja como negligenciado pelo seu método, eu sou a vitória disfarçada de derrota. 

Percorra este cômodo a procura de justificativas e não as encontrará, não há nada que me justifique. Encare firmemente minha íris e enalteça o tom de tua voz, gesticule e faça toda sua coreografia, seu drama, seu show, sua performance e me convença, eu eu gostaria que você pudesse fazê-lo. 

Mas nada disso quer dizer que você deva deixar de tentar. Essa tua personalidade te serve e te é motivo de orgulho, e por que não seria?! Vista-se dos teus melhores argumentos e frases de efeito ou se esconda por trás da porta. 

Tudo vai resultar no mesmo porque minha atenção não será sua, evaporou junto à água da cafeteira ou junto ao ar refrigerado que escapa à janela quebrada. O gosto do café é mais forte, o ar é mais quente e sinto que em mim está tudo diferente.

Leia também: Entre o sim e o não