Viagem

Malas prontas? Quem dera! Faz meses que eu me programo para uma viagem boba de cinco dias, mas esse negócio de se programar é coisa inédita na minha vida. Eu tinha que começar por algo pequeno.


Pelo menos já sei o que vou levar, praticamente tudo do guarda-roupa, mas vou sentir falta da única camisa que não levei. Viagens nunca me deixam dormir no dia anterior, me deixam ansioso e minhas unhas sofrem sérias conseqüências.

Essa viagem também tem um tom diferente, não é apenas a passeio. Tenho que analisar uma proposta feita há alguns anos, mudar de cidade.

É engraçado, as coisas que nos prendem, geralmente, são coisas que não se prendem a nós: um bom apartamento que o senhorio pede de volta; um bom cargo barganhado por cargo nenhum; um grande amor que vai sem ao menos fechar a porta da frente, que leva nosso peixe de estimação e aquela família, pequena ou grande, cheia de problemas próprios e falta de tempo para ao menos notar seu baixo astral.

Afinal quem pode se dar ao luxo de bancar um alto astral em plena segunda-feira pela manhã nos dias de hoje? Dizem que a soma de tudo isso é a nossa felicidade, uma dessas coisas vai e pronto, já não somos mais tão felizes. A ideia de perder tudo isso é que seriamos então infelizes, é aí que descobrimos que não temos uma pista do que é felicidade.

Então eu posso estar carregando uma vida inteira em uma mala, minha mala velha que não tem rodinhas e está sempre tão pesada, a mala que ninguém gostaria de roubar na esteira do aeroporto.

A parte mais difícil é se despedir, porque tem aquele tom de conclusão. É assustador achar que algo acabou, principalmente quando não sabemos se é algo bom ou ruim. Por isso eu digo até logo!

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